A Jornada da Castanha-do-Pará: Do Coração da Floresta Amazônica até Você

Neste artigo, vou explorar a fascinante trajetória da castanha-do-Pará, desde seu nascimento nas profundezas da Floresta Amazônica até a sua chegada à sua mesa, trazendo consigo não apenas sabor e nutrientes, mas também uma história de sustentabilidade e conexão com a natureza.

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Willy Lenci Wolf

8/22/2024

nuts nuts and nuts in a bowl on a wooden table
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O Nascimento da Castanha: Um Milagre da Natureza

      A jornada da castanha-do-Pará começa nas copas das árvores majestosas da Amazônia, conhecidas como castanheiras-do-Pará (seu nome no latim é Bertholletia excelsa). Essas árvores, que podem viver por mais de 200 anos e alcançar alturas impressionantes de até 50 metros, são verdadeiros monumentos vivos da floresta. Em um ambiente onde a competição por luz solar e nutrientes é feroz, as castanheiras se destacam com raízes profundas que simbolizam sua resistência e capacidade de sobreviver em condições extremas.

        Me lembro da primeira viagem que fiz à Amazônia, onde tive a oportunidade de ver uma castanheira de perto. A sensação de estar ao lado de algo tão grandioso e antigo foi impressionante! Essa árvore não apenas sobrevive, mas frutifica em um ambiente onde existe grande competição por luz solar e nutrientes. E de uma forma fascinante, ela consegue produzir um dos alimentos mais nutritivos que conhecemos até hoje.

       Um fato curioso que muitos não sabem é que a produção das castanhas depende de abelhas nativas específicas, Essas abelhas têm a importante tarefa de voar até a copa das gigantescas castanheiras para polinizar as suas flores, um processo difícil que, sem ele, resultaria em uma redução enorme na produção de castanhas. Isso me faz pensar na importância de cada pequeno elemento do ecossistema É um lembrete poderoso de como tudo na natureza está interconectado e de como é essencial proteger cada peça desse quebra-cabeça.

A Colheita: Tradição e Sustentabilidade

        A colheita das castanhas é uma prática que remonta a séculos, enraizada nas tradições das comunidades indígenas e ribeirinhas da Amazônia. Durante a estação chuvosa, entre dezembro e março, as vezes até abril, os ouriços – mais parecidos com pequenos cocos – caem das árvores e são coletados manualmente pelos castanheiros. Dentro deles contêm de 10 a 25 castanhas em suas cascas duras. 

             Fico sempre impressionado com a paciência e o cuidado envolvidos nesse pro-cesso. Não é apenas uma questão de pegar as castanhas e pronto. Os coletores precisam esperar o momento certo, lidar com cobras, aranhas, formigas e outros perigos da floresta, para então chegar aos locais de coleta. Sem contar no risco de ao pegar os ouriços outro possa cair na sua cabeça causando grande dano.

            O mais interessante é que essa coleta é feita de forma sustentável. As comuni-dades locais sabem que, para continuar colhendo os frutos, precisam cuidar das árvores. No caso deles a preservação do meio ambiente não é apenas uma escolha, mas uma necessidade. Também lembro de quando conversei com um indígena da tribo Paumari,  ele me contou sobre como sua família colhe castanhas há gerações, os ouriços são abertos no facão, as castanhas retiradas de dentro são ensacadas e os ouriços. são colocados nos pés das castanheiras, para adubar e ainda proteger a árvore.

Do Coração da Floresta à Industrialização

           Depois que as castanhas são colhidas, elas passam por um processo de secagem natural para reduzir a umidade e prolongar sua durabilidade. Em seguida, elas são transportadas para centros de processamento, onde passam por autoclave, são descascadas, selecionadas e embaladas para distribuição. Aqui é onde a jornada da castanha-do-Pará começa a se encontrar com a nossa vida moderna.

        Graças à tecnologia, hoje podemos desfrutar das castanhas-do-Pará em uma variedade de formas: inteiras, quebradas, moídas, ou até como óleo. Mas é importante lembrar que, mesmo com todos os avanços tecnológicos, a qualidade do produto final ainda depende da forma como ele é colhido e armazenado na floresta. A tecnologia pode melhorar a quebra, a embalagem e a distribuição, mas a essência da castanha permanece a mesma.

Conectando-se com a Amazônia em Cada Mordida

           Da próxima vez que você pegar uma castanha-do-Pará para comer, pare um momento para pensar na jornada incrível que ela fez para chegar até você. Ela é o resultado de uma rede de interações entre a natureza, as comunidades locais e o mercado nacional, até global! Cada mordida é uma conexão direta com a Amazônia, com suas árvores ancestrais e com as pessoas que dependem delas

          Incorporar a castanha-do-Pará na sua dieta não é apenas uma es-colha saudável para você, mas também um gesto que apoia práticas sustentáveis e o futuro da Floresta Amazônica. Seja adicionando algumas ao seu lanche da tarde ou preparando uma receita especial, você está fazendo parte de uma história rica e significativa.

         Então, que tal começar hoje mesmo? Experimente novas receitas, compartilhe com seus amigos e, acima de tudo, escolha sempre produtos de origem sustentável!